Seis presos por garimpo ilegal em Natividade

Em plena semana do Meio Ambiente, seis homens foram presos por acusação de exploração de garimpo ilegal na tarde desta terça-feira (07), em Natividade. Uma equipe da Guarda Municipal Ambiental, já monitorava denúncia de balsas clandestinas no leito do Rio Carangola, quando em ação conjunta com militares do 29º BPM, flagraram uma delas, na altura do Parque Lajinha e no local, cinco garimpeiros, além de tapetes, material de mergulho e outros equipamentos usados no garimpo.

Os envolvidos foram inicialmente conduzidos até a 140ª DP e depois transferidos até a delegacia da Polícia Federal der Campos dos Goytacazes, onde o proprietário dos equipamentos – morador de Cataguases/MG – também se apresentou horas depois. Todos acabaram autuados em flagrante e seguem na unidade, aguardando transferência ao sistema prisional.

De acordo com informações, os elementos das mais variadas regiões Brasil, estariam buscando por ouro no município e se utilizam de mercúrio, metal pesado, altamente nocivo a saúde. Denúncias anônimas podem ser feitas a Guarda Ambiental de Natividade através do telefone 3841-1362.

O mercúrio:

O mercúrio usado na atividade ilegal de garimpo é capaz de causar lesões nos órgãos das pessoas que se alimentam todos os dias com peixes contaminados, pois apresentam sintomas mais crônicos do minério do corpo.

O minério despejado nos rios entra na cadeia alimentar dos animais e afeta diretamente a saúde das populações tradicionais, as principais consumidoras desse pescado.

O médico e pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Cesar Basta, explica que o mercúrio usado pelos garimpeiros afunda no leito do rio e, consequentemente, é consumido por peixes.

“No fundo do rio, ele sofre um processo de transformação química mediada por microrganismo. Ele se transforma numa forma química ainda mais tóxica, o metil mercúrio, e entra na cadeia alimentar desse pescado”, disse.

As comunidades que comem os peixes contaminados também estão sob alto risco de contaminação.

“Quando se come o peixe contaminado, ele vai ser absorvido no nosso trato gastro intestinal e vai entrar na corrente sanguínea, sendo absorvido pelo corpo. Do jeito que o mercúrio acumula no peixe, ele também acumula no corpo do ser humano”, explicou.

Dentre as alterações nos órgãos de sentido mais comuns estão: diminuição da sensibilidade nas mãos e pés, deficiência na sensação de calor ou frio, zumbido no ouvido, paladar com gosto metálico, olfato prejudicado e a visão começa a tubular.

No campo motor, as pessoas podem sofrer com tremores nas mãos e pés, fraqueza, dificuldade para segurar copo, subir escada e até ter tontura. As alterações também comprometem a memória, aprendizado e comportamento, com sintomas de depressão e ansiedade, por exemplo.

São alterações que muitas vezes são subclínicas e podem ser confundidas com sintomas de outras doenças.

Em um grau mais grave, que leva a mortalidade, a maior recorrência é em crianças. “A mulher grávida, por intermédio do sangue do cordão umbilical, pode transmitir o mercúrio para o bebê que está em formação na barriga dela. Se as taxas de contaminação da mãe forem muito altas, a criança pode nascer com sintomas graves, como má formação, paralisia cerebral e até vir a óbito”, alerta.

Da redação da Rádio Natividade