A recessão dos últimos dois anos atingiu em cheio o mercado de trabalho do Estado do Rio, que viveu seu pior período nas últimas três décadas, apesar de toda a expectativa criada em torno das vagas geradas pelos Jogos Olímpicos. É o que mostra levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base em dados do Ministério do Trabalho. Entre 2015 e 2016, foram fechadas 420,5 mil vagas formais no Rio — o correspondente a quase um quarto dos dois milhões de empregos criados nos 14 anos anteriores (2000 a 2014). É um desempenho pior do que o da década de esvaziamento econômico, entre 1989 e 1999, quando o estado acumulou uma perda de 389 mil postos de trabalho formais, de acordo com a Firjan.
Num outro recorte, essas 420,5 mil vagas eliminadas representam 43,1% do total de postos abertos entre 2007 e 2014. Nessa comparação, o Rio foi a unidade da federação que mais fechou vagas formais de trabalho, segundo a Firjan, mas todos os estados e o Distrito Federal ficaram com saldo negativo no período.
Economistas apontam que a industrialização do interior do estado, a valorização do preço do petróleo, o boom imobiliário e o avanço da renda, impulsionando comércio e serviços, ajudaram a construir o período de bonança no mercado de trabalho nos anos 2000 no estado, que também foi na esteira do pujante crescimento da economia brasileira.
— Você teve criação de empregos quando houve geração de empregos no país inteiro. O estado se beneficiou disso. E agora tivemos dois anos seguidos de perda muito significativa do PIB brasileiro. Foram dois anos terríveis para o país. Não tem como aqui ser diferente. É uma situação dramática. E poderia ter sido pior sem a Olimpíada. O Rio teve essa vantagenzinha até o início do ano passado. Foi uma crise muito concentrada em dois anos, diferentemente dos anos 1990, quando houve períodos de alta e baixa na atividade — analisa João Saboia, economista da UFRJ.
Fonte: O Globo