Caos: Sem dinheiro para manutenção de delegacias, chefe de Polícia Civil do RJ pede doações

A penúria provocada pela crise do estado é tanta que a Polícia Civil decidiu recorrer a soluções fora da administração pública para se manter funcionando. Ontem, foi publicada no Diário Oficial do Estado uma chamada pública que convoca empresas a ajudarem financeiramente o órgão. O edital permite que empresários prestem serviços necessários à Polícia Civil de graça ou paguem para que terceiros executem o trabalho — que, contratado por uma empresa particular, não demandará licitação. Eles poderão ainda fazer doações de materiais em larga escala com maior facilidade.

A Polícia Civil deixou claro que não haverá contrapartida da corporação para os empresários, que poderão divulgar que estão ajudando. O programa foi batizado de “Juntos com a polícia” e vai durar pelo menos dois anos, prorrogáveis.

Uma companhia interessada em auxiliar pode, por exemplo, pagar uma obra de delegacia. Outra do setor de serviços de limpeza poderá prestá-lo de graça, por um tempo. A corporação informou que a diferença do programa para a doação comum é que a Polícia Civil é quem vai escolher para que unidade vai o material ou o serviço.

Atualmente, há dificuldade de obter, em larga escala, materiais para a polícia técnico-científica (reagentes, luvas e aventais). Os serviços terceirizados, como limpeza e atendimento em delegacias, estão no limite da precariedade. Os contratados não recebem há 90 dias.

O chefe da Polícia Civil, Carlos Leba, não informou o valor da dívida com os fornecedores, mas admitiu “grande dificuldade de manter o pagamento”.

— A gente só reproduz as dificuldades em recepcionar os repasses legais e a expectativa gerada pelos orçamentos anuais.

Para participar, a empresa precisa ter situação financeira regular e enviar uma proposta à corporação, que será analisada em até 30 dias.

Fonte: Extra