Agricultores familiares estão se associando para cortar custos com auxílio e monitoramento governamental no interior do Rio. A iniciativa vem produzindo frutos em municípios como Italva e São José de Ubá, no Noroeste Fluminense. Fundado há apenas 21 anos, o município de São José de Ubá, tem pouco mais de 7 mil habitantes e possui bons exemplos de organização social dentro da agricultura familiar. Um deles surgiu a partir da Associação dos Produtores Rurais de Vila Santa Maria e Valão Preto (Aprovisam).
O objetivo é a diminuição dos custos com transporte de leite, frutas e legumes. Os produtores receberam auxílio de técnicos da Emater e adquiriram caminhão, trator e caixas plásticas por meio do programa Rio Rural. A mobilização da população causou a reativação do Mercado do Produtor no Noroeste Fluminense.
“Juntos poderíamos conseguir benefícios para todos. Dividimos o custo de manutenção dos implementos e agora gastamos menos com transporte, pois os veículos são nossos”, afirma Cláudio Cunha, presidente da associação.
De dependente a provedor de alimentos
A revolução tecnológica da zona rural brasileira tem dado provas de que o campo não é um local de pouca expressividade econômica e social. Com isso, o país passou de dependente a provedor de alimentos nos últimos 40 anos.
No Rio, há 11 anos foi criado o programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura do Estado, com o objetivo de promover autonomia e melhor qualidade de vida às comunidades agrícolas do estado.
As comunidades rurais foram identificadas em microbacias hidrográficas. Elas possuem um espaço próprio de tomada de decisões, o Conselho Gestor de Microbacia (Cogem). O conselho aponta demandas e potenciais da região. Para compartilhar experiências vitoriosas como a da Aprovisam, as lideranças sociais criaram a Associação das Microbacias Hidrográficas e Adjacências de São José de Ubá, iniciativa pioneira no estado.
“Se precisar de pintura de quadra esportiva, construção de academia na zona rural, limpeza das casas para prevenir focos do mosquito da dengue, protocolamos o pedido, cobramos e acompanhamos as ações da prefeitura, afinal, é dinheiro público e queremos transparência”, analisa Cláudio Cunha.
Italva
Outros municípios também tiveram bons resultados a partir da integração entre os conselhos gestores. Em Italva, os produtores de leite enfrentavam o gargalo da comercialização, pois vendiam sua produção para as empresas de laticínios da região. Como o volume individual não era representativo, não havia poder de negociação.
Durante as reuniões dos Cogems, os agricultores passaram a processar o leite dentro do município. Há poucos meses fundaram a Cooperativa de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Italva (Copafi) e já fornecem leite e iogurte para a prefeitura por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A cooperativa envolve 22 produtores, e a meta é processar até 70 mil litros de leite por mês, apostando também na venda de derivados, como doce de leite e requeijão.