Os problemas enfrentados pelos pacientes que fazem diálise renal e transplante foram discutidos em audiência pública promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A reunião aconteceu no Auditório Senador Nelson Carneiro, 6º andar do prédio anexo do Palácio Tiradentes.
O presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio (ADRETERJ), Gilson Nascimento, explicou que, por mês, cada paciente realiza, em média, 13 hemodiálises, o que resulta em um custo mensal de R$ 2.327 para o Governo Federal, que precisa repassar a verba às clínicas que realizam os procedimentos através do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, há quatro anos essas clínicas estão sem receber reajuste e, em alguns casos, acontece ainda atraso no repasse.
O vice-presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Diálise e Transplantes (ABCDT), Luiz Carlos Pereira, apresentou dados preocupantes: nos últimos 10 anos, nove clínicas fecharam no estado do Rio por falta de recursos e, caso os valores repassados não sejam reajustados, outras clínicas irão fechar. O estado tem hoje quase 10 mil pacientes em diálise e já faltam vagas na rede de clínicas credenciadas pelo SUS.
Sobre a falta de medicamentos para os pacientes transplantados, o representante da Secretaria Estadual de Saúde, Anderson Silva, afirmou que os atrasos são reflexo da crise econômica do país. “Até o ano passado trabalhamos com muita tranquilidade; recebíamos os repasses com pequenos atrasos, mas a Secretaria conseguia contornar internamente, mas neste ano o quadro se agravou. A frequência dos atrasos e a quantidade dos medicamentos em atraso aumentaram, o que dificulta e traz comprometimento para o paciente, que tem dificuldade em manter seu tratamento de forma adequada”, disse Anderson Silva em entrevista à TV Alerj.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Jair Bittencourt, se comprometeu a lutar pela causa. “Temos uma situação que precisa ser solucionada rapidamente. Determinamos aqui hoje que seja organizado um grupo de trabalho para que se discutam soluções. Iremos cobrar da Secretaria de Saúde e do Ministério da Saúde o cumprimento de suas obrigações. As pessoas estão morrendo e não podemos permitir que isso continue. A Comissão de Saúde vai trabalhar firme para que possamos trazer um atendimento digno para a população”, declarou o deputado Jair Bittencourt.