O Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura, promoveu a Oficina Tecnológica Banco de Forrageiras, no município de Italva. O objetivo do evento, realizado em parceria com a Emater-Rio e a Pesagro-Rio, foi criar um banco de proteínas para melhoria da produtividade da pecuária de leite, mostrando aos criadores os conceitos utilizados no cultivo das forrageiras em sistema silvipastoril (*).
A atividade faz parte do Projeto Intecral (Integração de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável no Rio de Janeiro), uma parceria científica com o governo da Alemanha, que promove o acesso a tecnologias adequadas à agricultura familiar no Estado.
O evento aconteceu na propriedade rural do produtor Josué Gomes Moreira, da microbacia Córrego do Marimbondo, onde foi implantada uma Unidade de Pesquisa Participativa, e reuniu 27 produtores de seis microbacias: Valão Carqueja; Valão do Carcanjo; Coleginho/Olho D’água; Córrego do Marimbondo; Valão da Prata e Santa Joaquina. Na ocasião houve uma simulação de plantio de forrageiras para beneficiar as pastagens para o lado.
De acordo com Samuel Oliveira de Souza, consultor do Programa Rio Rural e da Pesagro-Rio, o banco de forrageiras melhora as pastagens aumentando assim a produtividade. “Entre as vantagens desse sistema, temos a estocagem de forragens ricas em proteína, mais sombra para os animais e a fixação de nitrogênio no solo, o que diminui a erosão, melhorando também a paisagem”, frisou o consultor.
O banco de forrageiras é feito por meio do plantio de mudas das leguminosas Gliricídia Sepium e Leucena e do amendoim forrageiro e tem também a vantagem de eliminar custos com ração e energia, além de melhorar a produtividade.
“Esse sistema irá melhorar as condições dos solos nas propriedades e contribuir para o aumento de cerca de 20 a 30% na produção de leite. Hoje estamos implantando uma unidade piloto e com isso iremos gerar o interesse de mais produtores, que querem diminuir a baixa produtividade e a degradação das pastagens”, disse a pesquisadora do Projeto Intecral, Silvia Berenice Quintana.
Os produtores terão à disposição dois perfuradores para o plantio das mudas de plantas forrageiras em uma área denominada “banco de proteínas”, que é uma parte da área da pastagem reservada para o plantio destas leguminosas, com a função de complementar a dieta animal em regime de pastejo controlado.
Segundo o supervisor local da Emater-Rio em Italva, Carlos Marconi, o Rio Rural facilita a aquisição de material por parte dos produtores, em todas as etapas de implantação do sistema. “Estamos promovendo esse resgate do solo, melhorando a pastagem dos animais e, consequentemente, a produção de leite. Deixamos de ter também custos com adubação química. O Rio Rural participa de tudo, seja com aquisição de cerca, arame e mudas, seja com acompanhamento técnico. Vale ressaltar que todos os 27 participantes são beneficiados pelo Rio Rural e doze deles, também, pelo Projeto Intecral”, disse Marconi.
De acordo com Sílvia Quintana, o banco de forrageiras conta com 1.500 árvores, entre gliricídias e leucenas, além de três mil mudas de amendoim forrageiro. Todas já estão no controle de treinamento da Emater-Rio de Italva; e nos próximos dias já começam as irrigações.
Um dos produtores mais entusiasmados com o banco de forrageiras é Almerindo Correa da Silva, da microbacia Valão do Carcanjo. Para ele, a implantação do sistema beneficiará toda a sua propriedade. “Já produzo arroz, tomate, feijão, pimentão e agora terei esse grande benefício na produção do leite. O Rio Rural vem me ajudando muito no apoio a esse novo sistema a ser implantado”, frisou.
O produtor Nilton de Souza Fernandes, também da microbacia Valão do Carcanjo, é outro entusiasta. “Acredito que a implantação do sistema para aumentar a produção de leite vai superar as expectativas. Por meio do Programa Rio Rural, pude aumentar minha economia com as novas tecnologias implantadas. Temos que participar”, destacou.
O produtor rural Josué Gomes Moreira, da microbacia Córrego do Marimbondo, que recebeu o convite para aplicação desse novo método em sua propriedade, se sente lisonjeado. “Será muito produtiva a implantação desse sistema. Estou sempre atuando nos projetos que são oferecidos pelo Rio Rural e inserido na agricultura familiar”, disse.
O evento contou também com a participação de dois pesquisadores da Pesagro-Rio e coordenadores do Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural na região Noroeste. Segundo a pesquisadora Lucia Valentini, o sistema é muito positivo para a produção local. “Temos um custo menor e principalmente uma recuperação de áreas para o gado com o banco de forrageiras”, disse.
Já para o pesquisador Luiz Antônio de Oliveira, um dos pontos importantes é o combate à falta d’água provocada pela estiagem. “O sistema oferece também uma alternativa de suplementação alimentar para o gado com a implantação do banco de forrageiras”, frisou.
(*) Sistema silvipastoril
Sistema silvipastoril (SSP) é a combinação intencional de árvores, pastagem e gado numa mesma área, ao mesmo tempo e manejados de forma integrada, com o objetivo de incrementar a produtividade da pecuária de leite. Os SSPs geram benefícios econômicos e ambientais para os produtores e para a sociedade. São sistemas multifuncionais, onde existe a possibilidade de intensificar a produção pelo manejo integrado dos recursos naturais, evitando a degradação do ambiente.