Há exatos quatro anos, às 21:50h, do dia 13 de maio de 2013, na UTI do Hospital São José do Avaí, em Itaperuna, falecia o ex-prefeito de Natividade, Luiz Carlos Machado, o Agudo, então com 57 anos. O político que comandou a cidade, por dois mandatos, de 2000 a 2008, se tornou uma espécie de divisor de águas da administração local. Uma multidão acompanhou no dia seguinte, seu velório, cortejo e sepultamento, na cidade que ajudou a construir. Sua primeira eleição foi vencida pela ínfima diferença de 83 votos. Quatro anos depois, no entanto, o saldo subiu para 1.986, o tornando o primeiro prefeito reeleito da história do município.
Da redação da Rádio Natividade – Fotos: Arquivo
A HISTÓRIA
*Texto do jornalista Vanderson Garcia publicado no dia de seu falecimento
O ex-prefeito de Natividade Luiz Carlos “Agudo”, nasceu Luiz Carlos Machado, em 21 de dezembro de 1955, no município de Ibitirama, Sul do Espírito Santo. Mas a pequena cidade capixaba, não conseguiu testemunhar o crescimento daquela criança. Em busca de melhores condições de vida, a família humilde da qual fazia parte, migrou logo após seu nascimento para Natividade, Noroeste do Estado Rio de Janeiro, região que décadas depois acompanharia seu o desenvolvimento político.
Desde cedo, bem relacionado, o pequeno Agudo, liderava grupos de jovens e times de futebol de sua idade. Foi sacristão e chegou a fazer parte de uma organização religiosa de extrema direita, a TFP (Tradição, Família, Propriedade). Filho de um alfaiate e uma dona-de-casa, ele viu e sentiu na pele, as dificuldades pelas quais passava boa parte da população à época.
Ainda adolescente, sentiu a necessidade de assumir suas responsabilidades e conseguiu um emprego de auxiliar no cartório da cidade, onde anos mais tarde, através de um concurso, se tornou funcionário efetivo. Já escriturário do Tribunal de Justiça do Rio, se casou com Laura Cordeiro (falecida em 16/11/2014)e da união, nasceram três filhos: Indiara, Tiago e Isabela.
Trabalhou em cidades como Araruama e Niterói, onde segundo o próprio, adquiriu experiência profissional. Mas a cidade, a pequena Natividade, que o recebeu de braços abertos ainda na infância, parecia ser mesmo seu destino. Por sorte, ou melhor, Providência Divina, uma vaga foi aberta para o cargo de auxiliar de juiz na comarca de Natividade. Ufa! Era a oportunidade de voltar para casa.
Mas as coisas não começaram de maneira fácil para aquele jovem sonhador. Com mais três irmãos, ficou órfão de pai e se tornou de vez, arrimo da família.
Desembaraçado e com seu espírito nato de liderança, começou a comandar grupos beneficentes. Foi presidente da Apae e um dos fundadores dos “Amigos de Natividade”, dentre outros. O trabalho voluntário, de forma natural, foi lhe abrindo portas e consolidando seu nome como cidadão benfeitor da cidade.
Mas a política partidária, só viria cruzar o seu caminho, efetivamente, bem mais tarde, em 1999. Sentindo que a cidade amargava uma crise e incentivado por alguns amigos, resolveu se filiar a um partido, o inexpressivo PMN, hoje já extinto. Da assinatura da ficha até a candidatura, foi um pulo. Determinado a mudar a história política de Natividade, enfrentou dois fortes opositores: O então prefeito Márcio Assis Ribeiro, candidato à reeleição, e o ex-prefeito Murillo Alves Ribeiro, este último já falecido.
Rotulado por alguns como “louco” e sem a mínima chance de vitória, conseguiu bater os dois opositores, vencendo o pleito de 2000 por apenas 83 votos de diferença. Era a oportunidade que Agudo tanto sonhava.
Com o apoio do então Governador Antony Garotinho, de quem se tornou amigo, e o Ministro do Trabalho Francisco Dornelles, começou a reverter o quadro desesperador que havia se instalado no município. Natividade aos poucos voltava a sorrir.
No entanto, quatro anos, não foram suficientes para implantar as metas que ele tanto sonhava. Muito havia sido feito, mas para Agudo, era preciso mais. Chamado por muitos de azarão na época de sua eleição, o prefeito se tornou uma liderança inconteste no Noroeste Fluminense, chegando a encabeçar vários movimentos em defesa da região. Veio a reeleição e o povo reconheceu seu bom trabalho. Desta feita, já pelo PMDB, os minguados 83 votos de antes, se multiplicaram e a diferença, entre o primeiro e segundo colocados saltou para 1986.
Os oito anos se passaram, o mandato terminou e o político retornou à sua sala no Poder Judiciário, onde permaneceu até a aposentadoria merecida. Mesmo sem cargo público, continuou observando, analisando e fazendo política. Até seus últimos dias. Perguntado sobre sua principal obra à frente da prefeitura, não pensava duas vezes: o resgate da autoestima do cidadão, o orgulho de se dizer que é natividadense.
A ingratidão e a injustiça, foram por certo, as principais frustrações no curso de sua vida pública. Mas ainda assim, apesar de todas as feridas, o guerreiro continuava firme, afinal de contas, “esta é a minha missão”, disse certa vez. Descanse em Paz Guerreiro! Natividade vai sentir saudades!