A prisão de quatro policiais militares que supostamente participaram ativamente do movimento grevista da Polícia Militar do Espírito Santo, foi decretada nesta sexta-feira (24) pelo juiz da Vara da Auditoria Militar Getúlio Pereira Neves. O pedido de detenção dos PMs foi feito pelo Ministério Público Estadual. Três deles não foram localizados na manhã deste sábado (25) e um quarto resistiu à detenção. Os quatro até então, eram considerados foragidos. Eles são acusados de incitar o movimento grevista e de aliciamento de outros policiais, com a divulgação de áudios e vídeos em redes sociais.
No entanto, de acordo com informações obtidas com exclusividade pelo jornalismo da Rádio Natividade, por volta das 18h de ontem, o tenente coronel Carlos Alberto Foresti (detalhe na foto), um dos envolvidos, que estava descansando em um dos hotéis de Raposo, procurou um dos oficiais do 29º BPM/Itaperuna, que encontrava-se de serviço do DPO da Operação Divisa na BR 356 e se entregou. O militar capixaba, por ordem do 6º Comando de Policiamento de Área (CPA) passou a noite na sala do comandante João Carlos Alves, devendo ser transferido a qualquer momento para seu estado de origem. De Raposo, ele comentou o caso através das redes sociais.
– Ainda não recuperado de minha saúde, estou indo agora me apresentar na PM do Rio de Janeiro, pois tomei conhecimento que foi expedido mandado de prisão preventiva contra a minha pessoa no ES. Não me informaram o motivo até o momento, mas parece ser relativo ao movimento das esposas dos policiais militares. Apesar de passar esta noite na Unidade de Saúde de Raposo, aqui no Rio de Janeiro, com problemas sérios de pressão baixa, desidratação, vômitos e diarreia. Tenho endereço fixo onde foram esta manhã, mas eu estava tentando repousar em uma estância para recuperar minha saúde já debilitada e pelo visto não consegui. Não tenho motivos para me esconder e jamais o farei. Já comuniquei a Corregedoria o local onde estava hospedado desde que tomei conhecimento do mandado de prisão, – escreveu o militar.
Entenda o caso:
Além de Carlos Alberto Foresti, os pedidos de prisão preventiva foram expedidos em desfavor do ex-deputado federal e militar da reserva, Lucinio Castelo de Assumção, mais conhecido como Capitão Assumção. Ele se envolveu em uma confusão na manhã deste sábado ao lado do 4º Batalhão, no Ibes, em Vila Velha, no momento em que seria preso com a presença do coronel Ilton Borges, da Corregedoria da PM (veja o vídeo abaixo). Logo após receber voz de prisão, ele conseguiu fugir.
Por nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que na manhã deste sábado houve uma tentativa de efetuar a prisão do capitão, mas que “houve resistência por parte de um dos intimados, que fugiu do local. A PM destaca que não houve uso de força na ação”, informa o texto.
Ainda segundo a nota da Sesp, os outros mandados não foram cumpridos porque os policiais não foram encontrados. Cada um dos citados é considerado foragido da Justiça.
Também estão sendo procurados o soldado Maxsom Luiz da Conceição e o sargento Aurélio Robson Fonseca da Silva, mais conhecido como Sargento Robson. Os dois ocupam os cargos de presidente e vice-presidente da Associação Geral dos Militares do Estado do Espírito Santo (Agem).
Tenente-coronel preso em Itaperuna sofreu crise nervosa ao saber que colega havia sido baleado, critica o governo e pede que militares tomem os quarteis – OUÇA
Um tenente-coronel da Polícia Militar do Espírito Santo teve uma crise nervosa e foi hospitalizado após saber sobre os três agentes baleados na tarde desta quarta-feira, em Cariacica, na Grande Vitória. Carlos Alberto Foresti é comandante do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e foi levado para o Hospital da PM, em Vitória, por colegas de farda. Ele foi liberado e ouvido na Corregedoria da corporação, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública.
Um áudio que circula no WhatsApp – que a assessoria da PM do ES confirmou serem verdadeiros – mostram um PM pedindo auxílio após o tenente-coronel se descontrolar:
“Coronel Foresti ficou descontrolado aqui no Ciodes (Centro Integrado Operacional de defesa Social) (…) Recolheu todo o efetivo por causa dos policiais que foram baleados. Vários coronéis aqui dentro do Ciodes seguraram ele, tiraram ele à força. Tá muito tensa a situação aqui. Precisamos de apoio jurídico agora”.
Há também um desabafo do próprio Foresti, que chora e parece bastante alterado:
“Avisei aos comandantes: não coloque os nossos policiais em locais de risco. Não coloque os policiais para trabalhar no PO (policiamento ostensivo) que eles estariam correndo risco de vida. (…) Eu me revoltei. Estou revoltado e não vou aceitar essa situação”.
Da redação da Rádio Natividade – Fotos: Jornalismo/Rádio Natividade
*Com informações de A Gazeta