Cerca de uma semana depois da acachapante derrota nas eleições de dois de outubro, quando o modelo de gestão implantado por seu grupo político – vitorioso em eleição suplementar em maio de 2015 – que acabou rejeitado por 70% da população, que se dividiu entre os dois candidatos de oposição, o prefeito Francisco José Martins Bohrer, o Chico da saúde (PT), deu início a processo de demissão em massa de servidores que ocupavam cargos de confiança ou comissionados.
Os demissionários (há quem fale em 200? Acho exagerado!), muitos deles quietinhos há de 15 anos em seus cargos, tendo passado por diversas administrações, se queixam de covardia e perseguição. Alegam, inclusive, que estão sendo notificados, no meio da rua, através de um “papel qualquer”, no qual sequer consta assinatura de alguém ou timbre do município.
Nesta mesma missiva, cuja cópia foi enviada à este jornalista, algum personagem oculto (ninguém quer queimar seu filme), justifica o ato, se apoiando na crise financeira e política da cidade, além de trazer à baila, recomendação pretérita do Tribunal de Conta do Estado (TCE), além de deixar subtendido nas entrelinhas, que poderá haver a convocação dos remanescentes aprovados pelo último concurso público.
O mesmo “papel” salienta ainda, que aqueles que estão de saída, terão respeitados seus direitos trabalhistas devidos, mas não estipula prazo, ou forma de quitação. Nas ruas da cidade, há quem se pergunte: Mas porque esperar o final do pleito para tomar medidas saneadoras? Porque não antes? Bem, confesso, não tenho esta resposta!
Acusado por seus adversários, mas negado veemente por ele, de ter inchado a máquina pública em busca de votos para a reeleição, Bohrer, na verdade, se vê diante de uma verdadeira batata quente nas mãos. De um lado, o desgaste político gerado pelas dispensas e de outro, a busca desesperada para tentar fugir das garras da Lei de Responsabilidade Fiscal, que poderia, em tese, inviabilizar quaisquer sonhos futuros de retorno à tão cobiçada cadeira, que ainda deverá ocupar pelos poucos mais de 70 dias, até o encerramento de seu mandato.
Aliás, por falar em prazo, Francisco que durante todo o tempo se queixou do fato de ter recebido de seu antecessor uma herança maldita, com déficit de R$ 33 milhões, terá pela frente o desafio de quitar quatro folhas de pagamento (outubro, novembro e dezembro, além do 13ª), em dois meses e meio de arrecadação, que lhe restam. Há quem diga, que se trata de missão impossível e que o próximo alcaide, terá nefasta herança, também repassada às suas costas. No entanto, por hora, só nos cabe torcer pelo melhor e esperar o desenlace desta conturbada novela.
*Por Vanderson Garcia, radialista e jornalista profissional