Quem passou pela Casa Brasil, no Boulevard Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro, na última sexta (09), descobriu que o Noroeste Fluminense produz cafés especiais de que atendem aos mais rigorosos paladares. O Sebrae e a Coopercanol – Cooperativa de café do Norte Fluminense – realizaram ao longo do dia diversas apresentações contando a história e as características do café oriundo da região que concentra 71% da produção do Estado e que agora conquista espaço no mercado com seus grãos de alta qualidade.
As apresentações aconteceram no Espaço Arte do Café, dentro da Casa Brasil, local onde cafés epecias produzidos em 10 regiões do Brasil estarão expostos até o fim das Paralimpíadas e cada grupo se apresenta em um dia. A ação, que tem por objetivo dar visibilidade à produção nacional de cafés especiais, foi viabilizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Sebrae Nacional.
Duas marcas do Noroeste estão no Espaço Arte do Café: Iranita, do produtor Suhail Majzoub, de Porciúncula, e o café Vargas, produzido pela família de Geraldo Vargas em Varre-Sai. A professora Geizila Pires Abib estava passeando pela Casa Brasil e se surpreendeu ao encontrar o café da cidade onde nasceu. “Isso é muito bom! Varre-Sai é o maior produtor do Estado, a renda da população gira em torno do café. Fico feliz em ver que a minha cidade está sendo divulgada e reconhecida como uma região produtora de bons cafés”, diz Geizila, que já conhecia o café Vargas e atualmente mora em Rio das Ostras.
O presidente da Coopercanol, José Ferreira, e o analista do escritório regional do Sebrae no Noroeste Fluminense, Maurício Soares, se revezaram nas apresentações. Maurício explicou que a região tem outras marcas de café tradicionais, mas apenas os cafés Vargas e Iranita se enquadram no padrão de cafés especiais. “O café especial tem classificação acima de 80 pontos. Não é fácil para o pequeno produtor atingir esse nivel, mas estamos aqui para provar que utilizando as tecnologias e realizando o manejo adequado da lavoura, é possível. E é essa mudança que está ocorrendo no Noroeste”, afirma Soares.
Qualidade é o diferencial
Segundo a BSCA, a cadeia produtiva do café emprega 8 milhões de pessoas no Brasil, do cafezal às cafeterias. São 300 mil pés plantados por todo o país, e Minas Gerais é o maior produtor. Neste cenário, a quantidade produzida no Rio de Janeiro é pequena, mas o Estado garantiu seu lugar no Espaço Arte do Café por conta do grande avanço obtido com o aumento da qualidade dos grãos.
Durante dois anos – 2014 e 2015 – o Sebrae/RJ desenvolveu o Projeto de Melhoria da Qualidade do Café no Noroeste Fluminense, através de convênio com a Universidade de Lavras, que foi coordenado por um dos mais conceituados especialistas em cafés especiais no Brasil e no mundo, o engenheiro agrônomo Flávio Meira Borém. Vinte e cindo produtores participaram do projeto. Os técnicos realizaram um diagnóstico de cada propriedade, e fizeram visitas técnicas, ensinando boas práticas na pós-colheita, incluindo técnicas de secagem, armazenamento e transporte adequado do café.
Os resultados foram surpreendentes, com expressiva redução da porcentagem de cafés com defeito na bebida. A produção de café especial saltou de 10% para 33%; enquanto a de café riado (baixa qualidade) baixou de 53% para 24% e a de bebida dura (sem defeitos no sabor) subiu de 37% para 43%. O impacto financeiro também foi alto: aumento de 1,3 milhão de reais nestes dois anos, se comparado com o valor da saca de café antes da realização do projeto.