Investimentos em logística, melhoria no sistema de fornecimento de energia, gás e internet para a atração de indústrias foram as principais medidas defendidas pelos participantes do encontro do Supera Rio para a Região Noroeste Fluminense. O projeto, promovido pelo Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado, órgão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), foi realizado no município de Itaperuna, nesta sexta-feira (24/06), na feira Merconoroeste. A região, a mais pobre do estado, reúne 13 municípios, tem 324 mil habitantes e é responsável por 0,9% do PIB estadual.
Um dos idealizadores do projeto, o deputado Wanderson Nogueira (PSol), defendeu a criação de um câmara de desenvolvimento para a integração de toda a região. “É necessária uma visão regional, não podemos mais olhar só para o município. Vamos debater na Alerj a aprovação de uma lei que garanta a permanência das câmaras, independente dos governos. Hoje estamos aqui para discutir saídas para a crise, e eu, acredito que a saída esteja no interior”, disse o parlamentar. O Supera Rio já esteve em Nova Friburgo, na Região Serrana, em Campos, no Norte do Estado e, na próxima segunda-feira (27/06) vai a Cabo Frio, na Região dos Lagos. Ao final de cada encontro é redigida uma carta com as propostas apresentadas durante a reunião.
O deputado Jair Bittencourt (PP), que é da região, disse que é fundamental levar propostas concretas para serem apresentadas na Alerj. “Sabemos que a região tem suas carências e é importante aproveitar essa iniciativa de discutirmos a localidade e levar proposições para alavancar o desenvolvimento”, afirmou o deputado, que conduziu o evento. Segundo Bittencourt, é preciso investir nas estradas para que a indústria possa se instalar. A mesa de abertura do evento contou ainda com a participação do prefeito de Itaperuna, Alfredão; a prefeita de Porciúncula, Miriam Porto; o prefeito de Natividade, Francisco José Martins Bohrer, além de vereadores da região.
Aeroporto
Uma mesa de debates com a participação de empresários, especialistas e a sociedade apresentou alternativas de desenvolvimento para a região. O Conselheiro da representação regional da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Fernando Pinheiro, defendeu a expansão do setor agropecuário e do setor de papel e celulose, que segundo ele, representa 12,4% de empregos estaduais no segmento. “Temos que ter um olhar diferenciado para essa região, que precisa alavancar”. Pinheiro defendeu ainda a reativação do aeroporto de Itaperuna e a duplicação da BR-356. “Uma região para se desenvolver tem que ter valor agregado e quem traz esse valor é a indústria. Mas como a indústria vai chegar até aqui se não houver investimentos na melhoria do sistema logístico?”, questionou.
O coordenador do Sebrae na região, Nelson Rocha Filho, defendeu o fortalecimento das vocações regionais. “A aquicultura e pesca, a cadeia produtiva de café, o setor de bebidas artesanais e a produção agroecológica integrada e sustentável são algumas das vocações que precisam ter investimentos para alavancar. A criação de ações que fomentem a produção de orgânicos também é essencial”, disse. Segundo ele, é preciso dinamizar a economia do território por meio de atendimento aos pequenos negócios.
CARTA #SUPERARIO REGIÃO NOROESTE
O Poder Legislativo estadual, autoridades dos poderes executivos municipais, as instituições e a população, reunidas nesta sexta-feira, dia 24 de Junho, em Itaperuna, durante a MercoNoroeste, dirigem-se ao Fórum #SUPERARIO para propor as seguintes ações e iniciativas ao Poder Legislativo estadual:
– Criação de um fórum permanente para debate do desenvolvimento local e regional, que envolva as universidades, institutos federais, entidades da sociedade civil organizada e representantes dos governos locais, sindicatos, câmaras de vereadores. Criação de um comitê executivo para que dê sequência às propostas formuladas;
– Criação de um Plano Diretor Regional de Desenvolvimento, incluindo as interrelações com outras regiões do estado;
– Criação de uma entidade consorciada para gerir o planejamento e as ações de impacto regional;
– Enfoque na diminuição das distâncias entre a Região Noroeste, que reúne 13 municípios, 2% da população estadual (324 mil habitantes), e 0,9% do PIB estadual (R$ 5,6 bilhões, em 2013), e as demais regiões do estado a partir do investimento nas vias de ligação dessa região com as demais, bem como na banda larga, que integre e permita a comunicação dos produtores rurais com o mercado consumidor;
– Garantia de recursos para investimento no asfaltamento das estradas, restaurando as rodovias de integração regional (RJ-206, RJ-210; RJ-214; e RJ-230);
– Garantia de recursos no Orçamento que viabilizem a duplicação da RJ 116 a partir de Macuco;
– Duplicação da BR-393 de Santo Antônio de Pádua a Bom Jesus do Itabapoana e a construção nesta BR dos contornos de Pirapetinga-MG, Miracema e Santo Antonio de Pádua;
– Luta pela duplicação da BR-356 em toda a sua extensão e a construção do Arco Rodoviário de Itaperuna;
– Luta pela construção da EF 354 (ferrovia que liga São João da Barra a Uruaçu- GO). Essas duas ações melhorarão a conexão da região Norte com o Centro Oeste do País, beneficiando as indústrias instaladas na Região Noroeste;
– Melhoria das estradas vicinais. Caminhões têm dificuldades enormes para coleta do leite;
– Criação de ações que fomentem a produção de orgânicos;
– Foco em ações que garantam a desburocratização e a melhoria do ambiente de negócios no estado, reduzindo o tempo de abertura de empresas e do fechamento delas;
– Retorno do papel higiênico de folha dupla para a cesta básica do estado. Um decreto estadual retirou-o, causando uma perda da indústria de 20,6%. Na Região Noroeste, existem 5 indústrias de papel, o que a torna o pólo papeleiro do estado.
– Investir esforços na construção de redes de distribuição de gás natural, aproveitando a vocação do estado de maior produtor de óleo e gás. Hoje as indústrias locais são abastecidas com GLP líquido;
– Transformação do Posto do Inea em Pádua na Superintendência Noroeste do INEA, de forma a dinamizar o processo de concessão e renovação de licenças ambientais;
– Ampliação da carga de energia disponível notadamente nas áreas e distritos industriais e empresariais, garantindo a estabilidade no fornecimento desta energia;
– Garantia de Investimentos na eletrificação rural;
– Garantia da universalização da rede coletora de esgoto, construindo novas estações de tratamento;
– Instalação de unidades locais de coleta e reciclagem, bem como Centros de Tratamento de Resíduos para aumentar a destinação segura de resíduos urbanos e industriais. Hoje a Região Noroeste do estado não tem um centro de tratamento de resíduos que hoje vão para Campos;
– Prioridade à implantação de uma política de turismo para a Região Noroeste Fluminense;
– Implementação de políticas de reflorestamento para a recuperação da cobertura verde, preservação de recursos hídricos e exploração da silvicultura econômica, inclusive na geração de energia;
– Garantir recursos no Orçamento estadual para ampliar a qualificação dos professores da rede publica, com foco na excelência;
– Considerar que a tradição agropecuária e a disponibilidade de terras na região geram oportunidades na produção leiteira, e valor agregado para o setor de medicamentos, ração, além do mercado consumidor do estado cuja demanda hoje é maior do que a produção;
– A Região Noroeste é formada em sua maioria por pequenos produtores, que precisam de uma melhoria no seu rebanho, aumentando a produtividade e diminuindo o custo. Produtividade hoje é de 50 litros por produtor e 5 litros por cada animal, em média;
– Implantação de um programa de integração pecuária e silvicultura, utilizando como apoio os hortos estaduais;
– Redução emergencial do ICMS do milho e da soja, insumos básicos para a produção de ração;
– Elaboração de legislação estadual nos moldes da instrução normativa 63 do Ministério da Agricultura, que assegura o pagamento ao produtor pela qualidade e transporte. Já há lei semelhante sancionada em janeiro desse ano no estado do Rio Grande do Sul (lei 14.835/2016, que institui o programa de qualidade na produção, transporte comercialização do leite);
– Melhoria da qualidade da cana forrageira. Liberação do recurso pela Faperj para uma universidade da Região Noroeste está desenvolvendo um projeto de produção de mudas pré-brotadas em estufa, aprovado em 2015 pela Faperj e que aguarda liberação de recursos;
– Inclusão do Instituto Federal Fluminense no Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro;
– Criação de políticas que enfoquem o desenvolvimento da produção de madeira no estado do Rio de Janeiro, principalmente nas regiões norte e noroeste fluminense. Hoje, 89% da madeira consumida pelo estado do Rio de Janeiro vem de outros estados;
– Estimulo à coleta seletiva solidaria em conjunto com a sociedade civil;
– Valorização da produção das pedras ornamentais.
Da redação da Rádio Natividade com Ascom