Greve geral de servidores paralisa serviços no estado

Servidores públicos estaduais de 33 categorias iniciaram ontem uma greve geral contra o atraso no pagamento dos salários e por melhorias nas condições de trabalho. Um protesto, promovido pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe), reuniu cerca de 8 mil funcionários nesta quarta-feira (06) na capital fluminense.

Segundo a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Marta Moraes, o motivo principal da paralisação é o atraso dos salários e a possibilidade do parcelamento da remuneração no mês de abril. “Nós (profissionais da Educação) estávamos desde o dia 2 de março em greve, mas hoje todas as demais categorias deflagraram uma greve unificada. Estamos todos juntos”, disse.

Segundo o Muspe, 16 categorias já estavam paralisadas, entre elas professores e profissionais de setores ligados à saúde e à segurança. O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), que estavam em estado de greve, decidiram paralisação de até 72 horas a partir da zero hora de hoje. Funcionários do Detran também resolveram cruzar os braços.

À tarde, o governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), recebeu comissão de professores e de outras categorias. Ele ainda não decidiu como será feito o próximo pagamento dos servidores, previsto para o próximo dia 14 (10º dia útil do mês). Por enquanto, o estado não dispõe dos recursos para pagamento integral de ativos, aposentados e pensionistas. O governo estuda o parcelamento dos salários. Integrantes do governo dizem que ainda esperam autorização do Tesouro Nacional para empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil, o que permitiria pagar os servidores em dia.

“Todos os esforços do estado estão concentrados na busca de recursos que permitam o pagamento do funcionalismo na data estipulada no calendário, ou seja, até o décimo dia útil de cada mês”, informou, em nota, o governo, que considera o movimento legítimo, desde que não prejudique serviços à população”. Os funcionários da Justiça também aderiram à greve, apesar de terem recebido salários em dia, por causa de liminar. Eles reclamam da falta de reajuste.

Delegacia só vai registrar crime grave

O vice-presidente do Sindicato das Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, Álvaro Luiz do Nascimento Costa, explica que a categoria vai manter, como manda a lei, um atendimento mínimo de 30% nas delegacias.

“O atendimento vai ser reduzido e o tempo de espera vai dobrar, no mínimo. Essa greve não é contra a população, é contra o descaso do governo do estado. Estamos pedindo à população que evite ir às delegacias, a não ser em casos extremos, como um homicídio, sequestro ou assalto à residência com vítima”, afirmou Costa, lembrando que a paralisação vai até segunda-feira, quando ocorre assembleia da categoria.

A Polícia Civil informou, em nota, que, devido à falta de recursos, suspendeu algumas ações, como diligências e transferências de presos de outros estados. Além disso, a corporação informou que haverá suspensão do abastecimento de um terço das viaturas. Estão fora da restrição a Divisão de Homicídios, Coordenadoria de Recursos Especiais, Polícia Técnico-Científica e Polinter.

Detran para alguns serviços

Funcionários do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), que também já estavam em estado de greve, decidiram parar ontem por tempo indeterminado. Eles fizeram outra manifestação, pela manhã, em frente à sede do órgão, na Presidente Vargas, no Centro do Rio.

O condutor que tiver vistoria agendada no Detran, poderá realizá-la, mas não conseguirá retirar a documentação nos postos em greve na mesma hora e deve retornar em até 30 dias, sem necessidade de agendamento. Isso porque os funcionários estão em greve, mas os terceirizados seguem trabalhando. O órgão ainda informou que os exames práticos e teóricos de direção estão suspensos, inicialmente, até amanhã. Na segunda-feira, a categoria deve decidir, em assembleia, os próximos passos da mobilização.

Fonte: O Dia