A juíza Leidejane Chieza Gomes da Silva, titular do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Natividade, traçou um perfil do agressor residente em áreas rurais. Segundo a magistrada, Natividade é atualmente um dos municípios que tem mais índices de violência contra a mulher na questão de lesão corporal, ficando atrás somente de Bom Jesus de Itabapoana. “Nós não temos casos de feminicídio porque o município é muito pequeno. Mas por ser interior do estado e área rural, os homens ainda têm muito a cultura da bebida alcoólica e isso gera conflitos no lar. Cerca de 90% dos processos de violência doméstica que chegam até a comarca são voltados para o uso de bebida e também das drogas”.
A afirmação foi feita durante a segunda edição da “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), que, até o último dia 07 de agosto, intensificou a realização de audiências e julgamentos relativos aos crimes de violência contra a mulher.
A juíza Leidejane Chieza destaca que a criação de um mutirão de audiências mostra que o Judiciário está empenhado em dar uma resposta às vítimas. “As pessoas que sofrem com a violência doméstica ficam magoadas pela falta de resposta. Então, quando o Judiciário entra no circuito e dá uma resposta para aquela situação mostra que ele está envolvido com a sociedade, tentando resolver uma questão social e evitando que isso se torne mais um processo na nossa mesa”, explica a magistrada.
Sobre a Lei do Feminicídio, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 09 de março deste ano, a juíza acredita que falta a conscientização de que as agressões às mulheres podem culminar em morte. “Ainda não há uma divulgação como eu acho que deveria ter sido. As vítimas se sentiram seguras com a Lei Maria da Penha, o número de denúncias é muito grande. As mulheres tem um canal que podem procurar ajuda e isso é um instrumento bem utilizado. No entanto, a Lei do Feminicídio é pouco conhecida. As mulheres não acreditam que serão vitimas de feminicídio e acham que a violência é limitada à agressão, ou física ou psicológica. A maioria não tem consciência ou não quer acreditar que o companheiro vá chegar a este ponto. A gente ainda tem um trabalho muito grande a fazer neste sentido porque falta conscientização de que o feminicídio pode acontecer”, alerta.